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Enurese

Patricia Adnet

A enurese (do grego, enourein = fazer urina ou urinar) é um dos transtornos de eliminação ou excreção mais comuns na infância e adolescência, caracterizada pela micção repetida involuntária na cama ou na roupa, diurna ou noturna, durante uma idade em que a criança já deveria ter obtido controle. Apesar de apresentar uma frequência expressiva, famílias ainda sofrem com falta de informação adequada sobre o que é este distúrbio, suas causas e tratamento.

Para ser diagnosticada, a enurese deve ocorrer por pelo menos duas vezes na semana, por no mínimo três meses, ou então causar um sofrimento ou prejuízo significativo em áreas importantes na vida da criança, como ambientes escolar, social e familiar. Além disso, a idade cronológica tem de ser acima de 5 anos e a micção não se deve a nenhum efeito fisiológico devido ao uso de substâncias, como diuréticos, ou outros problemas médicos, como diabetes, disfunção na bexiga ou esfíncter.

Existem pelo menos cinco classificações para a enurese:

- diurna: quando há eliminação somente durante o dia, sendo bastante comum que crianças sintam uma necessidade urgente em urinar, contribuindo para o aparecimento de infecções urinárias;

- noturna: quando há eliminação somente durante a noite, geralmente na cama ao dormir;

- mista: quando ocorre nos dois turnos;

- primária: quando nunca houve um período longo de continência urinária, ou seja, quando a criança nunca conseguiu controlar voluntariamente a urina;

- secundária: quando os episódios ocorrem após um período de no mínimo seis meses de continência.

Com relação às causas para este transtorno, há um consenso de acordo com diversas pesquisas de que não existe uma única, porém diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento ou aparecimento da enurese. Um deles é o fator genético, que aponta para o fato de alguém na família da criança ter sido enurético na infância ou adolescência. Há também outras hipóteses que estão sendo investigadas, como dificuldades no sono e despertar, conflitos familiares, ansiedade, estresse ou mesmo deficiência na liberação do hormônio antidiurético (vasopressina).

As consequências psicológicas da enurese são muito negativas tanto para a criança quanto para a sua família. As crianças experienciam isolamento social, medo de serem descobertas e, assim, serem ridicularizadas e humilhadas, sensação de serem imaturas, baixa auto-confiança e risco de serem agressivas, quando a família as rotula com sendo preguiçosas ou rebeldes. Já os pais ou responsáveis encontram níveis altos de estresse, primeiramente devido à frustração de verem seus filhos com esta disfunção, e pelo fato de terem despesas, tempo e esforços elevados destinados a limpeza, compra de novas roupas de cama e pessoais, assim como de colchões e travesseiros.

O tratamento é realizado em conjunto, com a atuação de um médico psiquiatra, que fará uma avaliação da medicação a ser utilizada, do psicólogo e da família. É muito importante que não só a criança ou o adolescente estejam envolvidos: a participação da família e sua colaboração são fundamentais para o sucesso do mesmo. A psicoterapia atuará de forma a avaliar o caso, para que seja elaborado um plano de tratamento específico e, portanto, iniciá-lo junto à criança e seus familiares, a fim de que, não só cessem o problema, como também passem a compreendê-lo e a retomarem o equilíbrio e a qualidade de vida.

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