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  • Patricia Adnet

Adolescência e distanciamento dos pais


É muito comum no consultório de psicoterapia, os responsáveis por seus filhos, sejam eles pais, padrastos/madrastas, tios ou avós questionarem as abruptas alterações de comportamentos e humor ao entrarem na puberdade, ingressando no confuso mundo da adolescência. Diversas dúvidas surgem de ambos os lados, o que, dependendo das relações e educação construídas ao longo de toda a infância, podem gerar muitos conflitos e até mesmo brigas infindáveis. E a grande angústia é: “por que eles se afastam tanto de nós”?


O que os adultos precisam compreender é que, além de terem passado pela mesma fase importante, a adolescência é a concentração de mudanças significativas em todos os âmbitos daquele futuro jovem: são as transformações em seu corpo, causadas pela explosão de hormônios (voz, glândulas, peso, altura, menstruação e início das mamas nas meninas, aumentos dos testículos nos meninos); a percepção de mundo que já não é mais a mesma; a busca por autonomia e independência seja familiar ou acadêmica; questionamentos internos de sua própria identidade.


Bastante natural e importante que aconteçam, então, são os distanciamentos familiares, principalmente dos pais: estes que eram vistos como referências e ídolos. É quando optam por saírem mais com os amigos e não mais irem ao passeio que sempre iam ou assistirem ao desenho preferido; quando ficam horas trocando mensagens nos aplicativos de celulares, redes sociais ou nos jogos virtuais; quando começam a “bater de frente”, discutirem sobre assuntos que antes eram considerados tranquilos de se conversar.


Além disso, acordam as mais das vezes com extremo mau humor, não podendo ninguém chegar perto, e não mais que de repente estão dando gargalhadas e achando tudo lindo. Uns geram problemas escolares, com baixo rendimento ou comportamentos inadequados; outros são excelentes alunos, são considerados obedientes e calmos. No entanto, todos, sem exceção, merecem ser vistos, acolhidos, compreendidos e, principalmente, ajudados caso haja dificuldades que ultrapassem o processo de amadurecimento.

Não pode ser deixado de lado nesta fase da vida, o famoso e fundamental limite. Não é por que estas mudanças são naturais e essenciais, que a educação e a imposição de regras e limites deixarão de existir, pelo contrário. Com demonstração equilibrada de carinho e afeto, associados à firmeza e assertividade, os pais devem contribuir para a formação de caráter e personalidade de seus filhos, dando-lhes rotina, tarefas a cumprir em casa, horários estabelecidos para estudo e lazer, momentos de conversa em família. Tudo isso sempre procurando o respeito entre todos os que convivem diariamente.

Difícil e parece utópico esta relação tão equilibrada. Mas é possível. Lembrando que as relações são construídas dia a dia e que o ideal não é o perfeito: o ideal é o possível que cada um pode oferecer, conhecendo seus pontos a melhorar e suas potencialidades. E que sim, mudanças sempre ocorrerão e a psicoterapia atua junto dos adolescentes e de seus familiares exatamente no encontro consigo mesmo, em identificar quem se é no mundo, suas vontades, desejos e como gerenciar e manejar esta relação tão importante entre pais e filhos.

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