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Karla Farias

Equilíbrio emocional em tempos de pandemia


Vivemos tempos onde a convivência familiar se resume, na maioria das vezes, ao turno da noite e finais de semana. Durante esses períodos ainda estamos envolvidos com eventos sociais e tarefas distintas onde cada um se volta para seus próprios afazeres e as interações ficam bem restritas. No final das contas, conhecemos melhor nossos colegas de trabalho, escola e faculdade do que nossos próprios familiares. Algumas famílias entram e saem de casa em horários tão aleatórios que parecem mais indivíduos de origens distintas dividindo uma república. Os laços afetivos tornaram-se tão tênues que casamentos sucumbem na menor tempestade. Pais e filhos não compartilham dos mesmos interesses e não conseguem manter um diálogo saudável.


Este cenário por si já é terreno fértil para diversos transtornos ansiosos e de humor – e até mais complexos como de personalidade, quando falamos em desenvolvimento infantil. Somado a todas estas dificuldades de foro pessoal, hoje temos a pandemia. De uma hora para outra, por uma questão de sobrevivência, fomos forçados a abandonar a rotina de uma vida inteira e ficar em casa em tempo integral. Não existe mais refúgio, estamos inexoravelmente expostos diante das delicadas questões familiares que estavam muito bem guardadas sob o véu do dia-a-dia, para serem olhadas em algum momento que nunca chegava. Os atritos crescem lado a lado aos transtornos ansiosos, aos transtornos de humor e à necessária adaptação, ainda que temporária, a este novo modo de vida.


O impacto deste período de isolamento social sobre cada um de nós dependerá de nossas decisões sobre como lidar com os novos desafios do momento. Não temos controle sobre tudo o que pode acontecer conosco a cada instante, mas somos capazes de controlar como cada evento nos afetará. Somos indivíduos singulares e temos meios de particulares de lidar com situações adversas. Nós e nossos familiares estamos submetidos a intensas pressões e experimentamos novas angústias fazendo com que, diariamente, nos deparemos com costumes e facetas de nossos pais, filhos, irmãos, cônjuges, que não lembrávamos ou não conhecíamos e precisaremos nos acostumar com elas de algum jeito. Nossas excentricidades também serão postas em evidência. Podemos viver em conflito com quem amamos ou aceitar que somos todos passíveis de falhas, e aproveitar o momento para aparar as arestas.


Sentimos muita dificuldade em suportar um período aversivo de isolamento quando nos damos conta que não sabemos quando irá terminar. Nos desregulamos emocionalmente e surgem os transtornos psiquiátricos. As pessoas ansiosas estão sempre pensando no futuro enquanto as deprimidas não se desligam do passado. Um fator importante da regulação emocional diz respeito ao quanto conseguimos focar no momento presente. Viver um dia de cada vez e nos permitir cumprir apenas as tarefas deste dia, aceitando nossos próprios limites. Só temos que lidar com as adversidades, as privações e pressões do dia de hoje. Amanhã será outro dia. E se restaram pendências no dia de ontem, estas serão postas em dia com organização e paciência.



Estamos todos sobrecarregados com tarefas múltiplas que parecem nos privar de qualquer momento de paz. Um turbilhão infindável de obrigações, ora profissionais, ora domésticas, ora acadêmicas, além dos filhos e ainda as preocupações com saúde e sustento. Nessa hora o melhor a fazer é priorizar aquilo que seja mais urgente e abrir mão do perfeccionismo. A cobrança pela perfeição nos leva a metas exageradas. Quando não as atingimos nos sentimos frustrados e mais ansiosos. Temos que comemorar as vitórias, por menores que sejam. Elas nos impulsionarão para um final de isolamento social mais saudável e com relacionamentos afetivos mais estáveis.


Neste período de maior pressão, quando parece difícil se autorregular, a psicoterapia Cognitivo-Comportamental auxilia a desenvolver seus próprios recursos de autorregulação e resiliência. Através de videochamadas durante o período de prevenção da Covid-19 ou presencialmente após este período, os psicólogos acolhem a todos que buscam apoio psicológico, promovendo saúde mental.

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