
O sono é um dos comportamentos mais importantes na vida dos animais humanos e não humanos. Enquanto dormimos que o nosso organismo passa por processos vitais para a manutenção da nossa saúde física e psíquica. O ser humano passa cerca de um terço de sua vida dormindo e a privação severa do sono pode levar a danos importantes ao organismo e até à morte.
Diferente do que imaginamos, durante o sono nosso cérebro está em plena atividade. Estudiosos afirmam que suas funções são amplas tanto relacionadas ao corpo quanto à mente. Dentre estas funções estão a conservação energética, o sistema imune, o crescimento, conservação, recuperação e manutenção de estruturas cerebrais, relacionadas ao desgaste do período de vigília anterior (momento em que o indivíduo esteve acordado), consolidação de novas memórias e extinção de memórias obsoletas. E por fim, os sonhos têm um importante papel no gerenciamento das emoções vivenciadas no período de vigília, favorecendo a saúde mental e o convívio social.
Ao longo da vida os ciclos de sono-vigília dos indivíduos variam obedecendo às mudanças biológicas e ambientais. Bebês têm pequenos períodos de sono ao longo do dia e da noite, permanecendo a maior parte do tempo dormindo. Crianças pré-escolares dormem cedo e acordam cedo, mas necessitam de um cochilo ao longo do dia. Por volta dos quatro anos esse hábito começa a ser abolido. Na adolescência começam a dormir mais tarde e acordar mais tarde. Na vida adulta voltam a dormir e acordar mais cedo. O idoso acorda bem cedo, necessita cochilar durante o dia e ao longo da noite passa por vários períodos de despertar.
Também ao longo das gerações ocorrem mudanças que acompanham as transformações da sociedade. As tecnologias nos permitem ficar conectados em qualquer hora e lugar. É possível ler, assistir filmes, trabalhar e até bater papo na cama, expostos às luzes azuladas dos celulares e tablets. Essas luzes inibem a produção de melatonina, que é um hormônio indutor do sono.
A literatura científica aponta dezenas de transtornos relacionados ao sono, que podem ser diagnosticados e tratados. O profissional qualificado para tal é o neurologista, que também pode ser auxiliado pelo neuropsicólogo. No entanto, um grande número de pessoas que apresentam problemas para dormir, se beneficiam com a higiene do sono, que são medidas simples que devem ser obedecidas diariamente como as sugeridas por Martinez e colaboradores em 2008, no Jornal Brasileiro de Pneumologia:
- Manter horários regulares de deitar e levantar, fazendo uso de despertador;
- Evitar oscilações de mais de 2 h nos horários de levantar no fim de semana;
- Evitar permanecer mais que 7,5 h na cama, incluindo a sesta neste total;
- Fazer exercícios, com intervalo mínimo de 6 h, até deitar;
- Evitar atividades excitantes ou emocionalmente perturbadoras próximo da hora de deitar;
- Evitar atividades que exijam alto nível de concentração imediatamente antes de deitar;
- Evitar atividades mentais como pensar, planejar, relembrar na cama;
- Evitar produtos contendo álcool, tabaco, cafeína ou qualquer substância com ação no sistema nervoso central, antes de deitar;
- A cama deve ser confortável, colchão e lençóis de boa qualidade, cobertas adequadas à temperatura;
- O quarto de dormir deve ser escuro e silencioso, com temperatura de 24 °C (limites entre 17 e 27 °C).
A psicoterapia auxilia através da reestruturação das crenças acerca do sono e de todas as questões que estejam relacionadas ao seu transtorno, além de desenvolver técnicas para incrementar a higiene do sono e promover qualidade de vida e bem-estar.