
Ao longo da vida, o ser humano experiencia diversas emoções, sejam elas agradáveis ou desagradáveis de sentir. Todas são naturais e apresentam funções importantes na manutenção do equilíbrio. Por pior que seja, a culpa não está fora da lista dos muitos sentimentos que o homem traz consigo. Qual seria então seu papel neste processo?
Muitas vezes, a culpa é resultante da tomada de consciência de ter realizado algo erroneamente, tanto para si quanto para outra pessoa. Associada a ela, a raiva aparece paralisando quem as sente. Existem duas causas principais que podem levar a culpa: a que vem de um acontecimento passado, onde a pessoa se sente responsável pelos danos existentes; e a que tem sua origem na infância.
Na primeira, ao perceber que suas atitudes trouxeram consequências negativas, o indivíduo entra em um processo de remorso e angústia. As dificuldades íntimas e a falta de autoconhecimento permitem que o medo se instale e a pessoa não consiga reparar o seu erro ou externalizar o que sente de forma saudável. Neste momento, começam a dar sinais transtornos de ansiedade e de humor, como a depressão, além da autopunição a que muitos se veem forçados a realizar, como uma tentativa de libertar-se da culpa que as acometem e perturbam.
Para que a culpa seja construtiva e traga benefícios para as relações, sendo libertadora para quem a sente e reparadora para os demais, deve ser acompanhada pela responsabilidade e coragem para assumir suas ações, permitindo-se corrigir aquelas que são possíveis, aceitar aquelas que não são passíveis de mudança e prosseguir com as possibilidades de acertar diante de novas situações.
Já na segunda causa, a formação educacional por falta de inteligência emocional dos pais onde são excessivamente rígidos e autoritários, impedem o desenvolvimento saudável da identidade da criança e aumentam a probabilidade da culpa existir em seus filhos como uma emoção sempre presente. Ao crescerem, estas crianças sentirão constrangimento em exporem o que pensam, seus comportamentos ficarão restritos a agradarem os demais, com grande chance de serem passivas e por medo de serem punidas convivem com diversos conflitos e culpas distorcidas.
Neste caso, há urgência na identificação e revisão dos padrões e crenças dos pais, para que possam mudar suas estratégias emocionais e comportamentais com os filhos. Em ambos os casos, seja na percepção de atitudes equivocadas ou na educação desde a infância, a intervenção psicoterapêutica é mais que necessária, pois propiciará o reconhecimento da culpa, suas consequências, quais fatores que a mantém, com as devidas medidas para mudanças efetivas e duradouras, trazendo saúde mental, emocional e comportamental para a vida de todos os envolvidos.