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A beleza para a mulher na atualidade

Patricia Adnet

Qualidade do que é belo; perfeição de formas; mulher formosa. Essas são algumas definições que encontramos facilmente para a palavra “beleza”. E o que é a beleza para a mulher na atualidade? Cada cultura, de tempos em tempos, dita padrões de beleza que, principalmente, as mulheres sentem-se na obrigação de seguir. Hoje, o que é novo chega de forma bem acelerada devido ao grande avanço tecnológico que nos acompanha a cada segundo e em qualquer lugar. Muito mais do que se preocupar com a saúde, a sociedade do século XXI impõe o consumo desmedido e a competição em nome de uma beleza, as mais das vezes inatingível e que deixou de ser natural há muito tempo.

Faça atividades físicas e dietas, vá ao salão de beleza, faça plásticas e use silicone, use maquiagem, use diversos produtos e compre tudo aquilo que está na moda... Tudo isso é realmente muito válido para a mulher que busca estar sempre bela e saudável, e utiliza estes recursos como meios para manter o seu equilíbrio, prestígio social e sua auto-estima elevados. Contudo, onde termina esta busca pelo que é belo dentro dos limites saudáveis e começam os excessos para atingir esta beleza a qualquer custo?

Se a moda hoje é ser extremamente magra, com cabelos ultra lisos e ter uma tatuagem nas costas, infelizmente, muitas mulheres não conseguem discernir o que elas querem de fato para si mesmas e se sacrificam para atingirem este padrão. E é aí que podem se desenvolver muitos dos transtornos psicológicos.

Quando uma mulher tem uma autoconfiança baixa ou já possui uma predisposição genética para um determinado transtorno, além da sua história de vida, o poder que a cultura e a mídia têm só contribui para desencadear e agravar a doença, dificultando ainda mais a tomada de consciência desta mulher diante do que ela está fazendo consigo própria. Por exemplo: com este culto ao corpo, sobretudo a magreza, os transtornos alimentares estão cada vez mais evidentes, como a anorexia e a bulimia nervosas, onde mulheres jovens deixam de comer, tomam laxantes o máximo que podem e acabam com a sua saúde em nome da beleza. Ficam bem abaixo do peso para o seu biotipo e, mesmo assim, não conseguem enxergar que a beleza já se esvaiu há muito tempo, dando lugar a doenças físicas e mentais graves.

Além disso, se uma mulher sofre com a obesidade ou está um pouco acima do seu peso ideal, mas não consegue emagrecer, seja por inúmeros fatores, pode entrar em uma depressão profunda ou partir para transtornos que envolvem as compulsões, como meios de tentarem compensar a angústia que sentem por não fazerem parte do padrão social. Muitas não conseguem controlar e comem compulsivamente, se sentido culpadas depois, outras compram em demasia com a finalidade de estarem sempre na moda e não resistem, não conseguem evitar estes comportamentos.

A ansiedade não poderia estar de fora deste quadro. Ao quererem obsessivamente atingir o ápice da perfeição, as mulheres passam a conviver com ansiedade patológica, não conseguindo relaxar, ficam estressadas e sempre tensas, com insônia e quando não encontram pessoas em seu convívio, nos seus relacionamentos que as entendam, que concordem com este estilo de vida, entram em pânico, em desespero e partem para grupos tão desequilibrados quanto seu estado psicofisiológico. Dessa forma, percebe-se que o caminho em busca da perfeição não cruza com o da felicidade.

As clínicas de cirurgia plástica estão cada vez mais freqüentadas e o público alvo: mulheres jovens, maduras e envelhecidas pelo tempo natural de suas idades imploram por rostos perfeitos, cinturas enxutas sem avaliarem as conseqüências de seus desejos e atos, muitas vezes, impensados. “Quero ficar igual a mulher da revista”, dizem elas, sem notarem que ali existe uma mulher produzida por luz, câmeras fotográficas e programas de manipulação de imagem. As medicações são vendidas sem o devido controle, pílulas de emagrecimento, cápsulas contra o apetite enganam o cérebro dizendo-lhe que o corpo está saciado. Desfiles de moda com modelos que desmaiam de fome nas passarelas, anêmicas e desnutridas. E onde tudo isso está levando as mulheres, sejam elas meninas ainda, adolescentes ou mulheres feitas e experientes?

Muitas delas até a morte. Consultórios médicos, clínicas psiquiátricas, sessões de psicoterapia... Salas de espera sempre cheias a fim de dar conta de tanto desequilíbrio emocional, físico e psicológico, quando se dão conta do seu sofrimento. É preciso rever esta beleza imposta pelo mundo em que vivemos, pois ressaltando o que foi dito anteriormente, usufruir de todos os instrumentos que nos é dado para aprimorarmos nossa saúde e sentirmos o bem-estar que eles nos oferecem não é só válido, como necessário ao ser humano. Sacrifícios a ponto de prejudicar a si própria, que é o que ocorre em altas taxas no universo feminino é que deve ser combatido, para que aí sim, cada uma das mulheres possa dizer a si mesma o quanto são bonitas, fortes e acima de tudo saudáveis.

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