O suicídio é caracterizado pela morte intencional que a própria pessoa comete, com uma finalidade específica. Geralmente, o ato ocorre na tentativa de livrar-se de um problema ou crise, que causa um sofrimento intenso associado a sentimentos de desesperança e desamparo, necessidades frustradas ou não satisfeitas e quando a pessoa não consegue perceber nenhuma forma de resolução para suas dificuldades.

De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente, 1 milhão de pessoas estiveram em risco de cometer o suicídio a cada ano. É uma das 10 maiores causas de morte em todos os países, e uma das três maiores causas de morte na faixa etária de 15 a 35 anos. O impacto psicológico e social do suicídio em uma família e na sociedade é imensurável.
O suicídio hoje é compreendido como uma questão multidimensional, que resulta de uma interação complexa entre fatores ambientais, sociais, fisiológicos, genéticos e biológicos. Identificar, avaliar e manejar pacientes suicidas é uma importante tarefa de profissionais de saúde, que tem um papel fundamental na prevenção do suicídio. Os estudos, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países subdesenvolvidos, revelam uma prevalência total de transtornos mentais de 80 a 100% em casos de suicídios com êxito letal. Estima-se que o risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com transtornos do humor (principalmente depressão) é de 6 a 15%; com alcoolismo, de 7 a 15%; e com esquizofrenia, de 4 a 10%.
Todos os tipos de transtornos do humor têm sido associados com suicídio. Estes incluem transtorno afetivo bipolar, episódios depressivos, transtorno depressivo recorrente e transtornos do humor persistentes (ciclotimia e distimia). O suicídio é, então, um fator de risco significativo na depressão não reconhecida e não tratada. A depressão tem uma prevalência alta na população geral e não é reconhecida por muitos como um transtorno. A depressão é um fator importante para o suicídio tanto para adolescentes quanto para idosos, mas aqueles com depressão de início tardio estão em maior risco.
O suicídio é um ato individual, contudo, ele ocorre no contexto de uma determinada sociedade, e certos fatores socio-demográficos estão associados. Os mais idosos (mais que 65 anos) e os mais novos (15-30 anos) são grupos etários de risco aumentado para suicídio. Alguns fatores sociais, como a fácil disponibilidade de meios para cometer o ato e eventos de vida estressantes, podem ter um papel significativo no aumento do risco de suicídio.
A prevenção do ato suicida envolve todas as pessoas. Observar mudanças de comportamento por parte um de familiar ou amigo, isolamento social, assuntos sobre luto ou morte, sentimentos de angústia podem ser indícios de que algo não está bem. Aos profissionais de saúde em geral, mas principalmente aos psiquiatras e psicólogos, é fundamental um exame abrangente do paciente, com uma investigação sobre sintomas depressivos, pensamentos, intenções, planos e tentativas de suicídio. Dessa forma, o número alarmante de suicidas no mundo e no Brasil pode diminuir aliado a uma melhor qualidade de vida para estas pessoas.