Mutismo seletivo é um transtorno da infância que normalmente afeta crianças que entram em idade escolar. Embora documentado na história desde o século 19, ainda há muito a ser elucidado sobre mutismo seletivo hoje. Por ser raro, este transtorno continua sendo um desafio para estudar e muitas teorias persistem quanto às suas causas e associação com outras condições, como a ansiedade social. Apesar destas limitações, muita atenção tem sido dada ao distúrbio, aumentando a conscientização sobre o mutismo seletivo como um transtorno da infância que pode perturbar profundamente a vida dos indivíduos e famílias.
O transtorno é caracterizado pela incapacidade persistente de falar em situações específicas em que a fala é normalmente esperada, como na escola, apesar de ouvir e falar em outros contextos, como em casa. Geralmente, as crianças permanecem silenciosas em seu mutismo, mas algumas podem sussurrar ou se comunicar pelo contato visual ou gestos não-verbais. O mutismo só deve ser diagnosticado se não for melhor explicado por um transtorno da comunicação, como a gagueira, ou transtorno invasivo de desenvolvimento, esquizofrenia ou outros transtornos psicóticos. Além disso, os sintomas devem estar presentes por pelo menos um mês e não incluem o primeiro mês da escola. O distúrbio interfere substancialmente com o desempenho escolar e a comunicação social.
O início do mutismo seletivo ocorre normalmente entre as idades de três e seis anos, e o diagnóstico ocorre entre as idades cinco e oito, na maioria das vezes descoberto depois que a criança entra na escola. O transtorno parece ser mais comum em meninas do que em meninos e pode ocorrer ao longo de alguns meses ou persistir por vários anos. As causas para o mutismo ainda estão sendo investigadas, porém estão cada vez mais associados diagnósticos como depressão, ansiedade social e traumas no aparecimento e desenvolvimento do mutismo seletivo.
Em função de abranger diversos fatores, o tratamento envolve mais de um enfoque a fim de ter maior probabilidade de sucesso. A medicação é utilizada já que frequentemente as crianças com este transtorno também podem apresentar sintomas relacionados a ansiedade. A psicoterapia comportamental é uma importante intervenção, pois atuará diretamente com a criança e a terapia familiar é fundamental, principalmente quando fatores familiares desempenham um papel importante no desenvolvimento e manutenção do mutismo seletivo. Colaborar com a escola é outro componente vital de tratamento, uma vez que o diagnóstico normalmente é feito com as crianças em idade escolar. Sem dúvida, o maior objetivo é oferecer às crianças e às suas famílias uma avaliação abrangente, apoio e tratamentos adequados aos seus casos, dando-lhes a oportunidade de resgatar seu bem estar e qualidade de vida.