
O medo e a ansiedade são emoções básicas do ser humano, importantes para sua adaptação e conservação da espécie. É natural que estejam presentes ou surjam em determinadas situações, com o objetivo de proteção. Desse modo, a criança, em seu desenvolvimento, começa a descobrir o espaço que a cerca e os medos aparecem pouco a pouco. São medos considerados comuns para cada etapa de vida da criança, como medo do escuro, de animais, de ficar longe dos pais, de ingressar na escola, entre outros. Conforme seu crescimento e amadurecimento, estes medos vão desaparecendo espontaneamente.
O Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS) é caracterizado quando o medo e a ansiedade da criança ou adolescente se tornam exagerados, ante a separação (ou a idéia de que isso possa vir a ocorrer) do lar ou de figuras de referência com forte vínculo afetivo. Geralmente, são os pais, especialmente a mãe, e a criança passa a experienciar um sofrimento muito grande, com prejuízos em diversos contextos de sua vida.
A preocupação excessiva de se ver longe da figura de referência pode envolver dificuldade de dormir sozinha, ou antes de seus pais; pesadelos sobre a separação deles; aflição ante a possibilidade de doença com ela ou com os pais; medo exacerbado em ficar em casa sozinha, e também choros, acessos de raiva, retraimento social, depois de ser obrigada a ficar sem os responsáveis e recusa em ir à escola.
Além dos prejuízos no desempenho escolar, social e nas relações familiares, para que seja diagnosticado, o TAS deve ter duração mínima de 4 (quatro) semanas, iniciar antes dos 18 anos e envolver pelo menos 1 (um) dos seguintes sintomas somáticos:
- Irritabilidade
- Tensão muscular
- Náuseas
- Vômitos
- Inquietude
- Dores de cabeça ou estômago
- Dificuldade de concentração
- Fadiga fácil
Muitas pessoas confundem a ansiedade de separação com fobia escolar. Esta última pode estar presente no transtorno de ansiedade de separação, mas sozinha não é queixa suficiente para dar o diagnóstico a uma criança ou adolescente de TAS. A fobia de ir a escola deve ser avaliada cuidadosamente, pois pode ser um tipo simples de fobia específica. O TAS abrange aspectos muito mais complexos que não podem ser deixados de lado.
O tratamento para a ansiedade de separação é muito importante, pois quanto mais cedo foi feito o diagnóstico correto, melhores serão os resultados, com efeitos de longa duração. A psicoterapia da criança e/ou adolescente envolve uma completa avaliação do caso, para que se possa compreender o transtorno, a fim de que eles possam aprender a lidar com o mesmo, evitando possíveis complicações na vida adulta. A autoconfiança e a confiança no outro são os pontos-chave abordados pelo psicólogo. A participação da família, principalmente das figuras de vinculação, é de vital importância, já que o trabalho deve ser realizado em conjunto para atingir o sucesso no tratamento.